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Com 100 dias, governo Bigardi sofre sua primeira investigação |
O Ministério Público de Jundiaí, por meio da promotora de Justiça Karina Bagnatori, investigará duas contratações no Hospital São Vicente de Paulo: a do pastor José Adilson Telles, que até o último domingo era pago para dar consultas espirituais, e a da empresa ACEC (Associação Casa da Esperança de Cubatão), na administração do hospital desde 1º de março.
A promotora fará a instauração de inquéritos para apurar os dois casos. Em relação ao pastor, Karina explicou que, se for confirmado o pagamento indevido (com o funcionário registrado para uma função diferente da executada), ela pedirá a restituição do dinheiro gasto, o que configura improbidade administrativa.
O MP recebeu, no começo da semana, duas denúncias de cidadãos sobre o caso do pastor, pedindo a apuração. Como revelou o Jornal de Jundiaí Regional, José Adilson recebia R$ 2,5 mil e declarou ter sido indicado ao cargo pelo atual secretário de Saúde, Cláudio Miranda - que, por sua vez, atribuiu a indicação ao Conselho de Pastores da cidade. Após a denúncia, o prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) exonerou o pastor, no último domingo, e anunciou um espaço para todas as religiões no Hospital São Vicente.
ACEC - O MP também fará a apuração da contratação da ACEC, após ser revelado que a entidade - de caráter filantrópico - passa por problemas financeiros em Cubatão, onde atende crianças portadoras de deficiência. A promotora deseja saber se a empresa tem capacidade para administrar um hospital do porte do São Vicente. Karina recebeu, esse semana, documentos do MP de Cubatão, por meio do promotor de Justiça Daniel Santerini Caiado, pedindo que o caso fosse analisado de perto. Ao ser informado que a ACEC atuava no setor administrativo do hospital, o promotor ficou surpreso.
A presidente da ACEC, Maria Aparecida Pieruzi de Souza, era vereadora até o ano passado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em Cubatão. Procurada, ontem, para falar da fila de espera por atendimento na entidade - no começo de março era de 124 crianças -, ela não quis dar declarações e disse que a reportagem deveria procurar o Poder Público, responsável por manter a entidade.
A prefeitura da cidade litorânea foi procurada e também não soube informar o número atual de crianças na fila, mas disse estar em dia com o repasse à entidade - de R$ 45 mil mensais. Além disso, a Prefeitura de Cubatão declarou que ajuda a Casa da Esperança com profissionais médicos, em assistência aos pacientes.
Empresa anterior - A Pró-Saúde, empresa que administrava o São Vicente até o fim de fevereiro, explicou, em nota, que irá acionar a Justiça após a administração do hospital ter se negado a pagar uma multa contratual de R$ 329.343. Ao ser mandada embora, a empresa não cumpriu o aviso prévio, como estava em contrato. Também afirmou que recebia R$ 109.781 mensalmente, diferente da ACEC, à qual são pagos R$ 113 mil.
Outro lado - A Prefeitura de Jundiaí foi procurada ontem e questionada se o pastor foi pago pelos dias que trabalhou e se o dinheiro será devolvido. Foi questionada também sobre a quantidade de funcionários levados ao hospital pela ACEC e se a multa referente à Pró-Saúde será paga. Em todos os casos, não houve resposta.
A prefeitura disse, no entanto, por meio de nota, que continua em estudo a criação da sala ecumênica para todas as religiões no hospital. Sobre a ACEC, afirmou existir a necessidade de renovação na equipe de gestão administrativa e que detalhes sobre a rescisão com a Pró-Saúde serão informados pelo hospital. O São Vicente foi procurado, mas não respondeu à reportagem.