O problema daqueles sobre quem depositamos nossas esperanças é que temos sempre uma expectativa muito alta, que em geral é frustrada. Escolher uma equipe de secretários e assumir o governo de uma cidade com o tamanho e as complexidades de Jundiaí está longe de ser uma tarefa fácil. Havia prometido para mim mesmo que não avaliaria o novo governo antes de 100 dias e acredito que antes deste período qualquer análise é indevida, incorreta e imprecisa. Porém, tenho ouvido algumas análises e atitudes altamente precipitadas com relação aos novos ocupantes do Paço Municipal.
Acredito que o secretariado escolhido por Pedro deixou muito a desejar. Pastas importantes como Saúde e Educação não podiam ser entregues a políticos profissionais. Todavia, em ambos os casos, nomes técnicos muito competentes foram escolhidos para compor o segundo escalão. Bigardi colocou em secretarias importantes (Casa Civil e Administração) pessoas de sua inteira confiança e a opção pela política do real fez com que Pedro fizesse o que a grande maioria dos eleitos faz: compor politicamente e usar cargos públicos como forma de afagar aliados.
Há muitas pessoas na máquina pública que vieram dos quadros do PCdoB, do PT e dos novos aliados, como, aliás, era de se esperar, mas que não possuem necessariamente competência. Além disso, Bigardi saiu para o ataque contra seu antecessor, algo pouco elegante ao menos que sejam apontadas irregularidades claras que sejam enviadas ao Ministério Público. Tanto Bigardi quanto seus secretários estão blindados e se afastaram da sociedade.
A própria discussão de secretariado foi muito limitada. O governo está ainda muito tímido em oferecer respostas para os problemas da cidade e está tomando pé da situação. Ainda é muito cedo para afirmar que Pedro frustrou as expectativas nele depositadas e que ele faz um mal governo, muito embora eu esperasse muito mais até aqui. Precisamos ficar de olho, mas manter o bom senso e a cabeça no lugar.
RAFAEL ALCADIPANI é professor universitário e jundiaiense.
Texto original publicado no Jornal de Jundiaí.
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