Jundiaí - 21/04/2012 Relato de um manifestante(Gustavo Caetano) que ao meu ver, era um dos poucos interessados de verdade na ideia da Marcha e estava ali para protestar contra a corrupção. Ele relata em nota postada no Facebook como foi a discussão onde os primeiros manifestantes não quiseram nem ouvir, tampouco conversar como e onde seria colocada a grande faixa feita por eles. Vale a pena a leitura e entender mais ou menos como funciona esse sujo sistema.
“Em um dia de chuva, preparando-nos para marchar contra uma doença que se alastra pelas ruas, invade casas e fixa-se no caráter de muitas pessoas, deparamo-nos com o elenco que protagonizaria uma “peça teatral”, por coincidência, no mesmo local onde realizaríamos a marcha.”

Inicialmente, considero interessante citar que corrupção é uma palavra comumente associada à política, o que, em minha opinião, é errado. Devemos estudá-la em todas as suas dimensões. Pessoas corrompidas criam o hábito de abrir mão da ética pelo egoísmo em diversas situações.

Cito o parágrafo acima para ressaltar o contraste, por mim observado, formado entre o objetivo da marcha e a “peça” contracenada no local. Foi extremamente doloroso presenciar, na marcha “contra” a corrupção, o cúmulo da hipocrisia.

Eu e alguns integrantes do meu grupo, Em Prol de uma Cidade Melhor, havíamos confeccionado uma faixa com vinte metros de comprimento para expormos no dia da marcha, com a seguinte frase: “A corrupção é o fruto podre da sua indiferença política”. Planejávamos pendurá-la no viaduto da Av. Jundiaí, em um local onde ficasse visível a todo o transito que se deslocava pela Av. 9 de Julho com sentido à rodoviária.

Verificamos, chegando ao local, que algumas faixas, com frases interessantes e coerentes ao tema, já haviam sido fixadas no viaduto, só não sabíamos por quem. Percebemos após isso que o espaço disponível para pendurarmos nossa faixa coincidia com a copa de uma árvore, o que impediria a visualização completa do seu conteúdo devido a sua dimensão.

Resolvemos então solicitar educadamente aos responsáveis pelas faixas que já estavam no local, que deslocassem uma, apenas uma de suas faixas, cinco metros para a esquerda, para que assim pudéssemos expor nossa faixa fora da copa da árvore. Garantiríamos, dessa forma, que ninguém seria prejudicado, todas as faixas ficariam visíveis e poderíamos atingir todo o transito local com nossas mensagens de conscientização.

A surpresa chegou na forma como fomos respondidos à está solicitação. Os responsáveis pelas faixas negaram nossa solicitação com argumentos do tipo: “–As faixas estão bem posicionadas. Está bom assim. Não está?”. Insistimos através do dialogo, mas não obtivemos sucesso.

Após essa negação, passamos a refletir sobre qual era o objetivo dessas pessoas, tal objetivo que, teoricamente, deveria assemelhar-se ao nosso e ao ideal central da marcha: “A importância da luta contra a corrupção”. Concluímos que não havia motivos para negarem o deslocamento de uma de suas faixas se compartilhássemos da mesma intenção.

Percebemos, finalmente, que estávamos presenciando um teatro, onde pessoas que não buscavam o objetivo de conscientização, ou seja, de evolução para a sociedade, formavam um elenco e eram movidas como peões para criar uma intenção ilusória. Na marcha “contra” a corrupção, pessoas interpretavam papéis. Em troca de que?

Todo esse teatro gerou grande revolta na maioria das pessoas que, assim como eu, compunham a marcha com intenção de torná-la um acontecimento transmissor de uma mensagem de conscientização. Estávamos lá pelo objetivo e não pelo reconhecimento. Por consenso, a marcha se dividiu.

    "A Faixa" - Nesse momento as outras faixas que limitavam nosso posicionamento já haviam sido removidas.